A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) confirmou, nesta sexta-feira (16), que o vereador de Belo Horizonte, Ronaldo Batista (PSC-MG), foi preso de forma preventiva. O parlamentar é apontado como um dos três mandantes de execução de Hamilton Dias de Moura (MBD), também vereador, porém no município de Funilândia. O homicídio ocorreu em julho deste ano, e o corpo da vítima foi encontrado baleado dentro do próprio carro e próximo a uma estação de metrô.
De acordo com a PCMG, a motivação do crime estaria relacionada com uma disputa de cargo entre a vítima e o parlamentar da capital mineira. Esta é a segunda fase da operação e está sendo comandada pela delegada-geral Letícia Gamboge, chefe do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários de ageiros Urbanos Intermunicipais, Interestaduais, Fretamento e Turismo de Contagem e Esmeraldas (Sintetcon), Gérson Geraldo Cesário, é apontado pela investigação como o segundo mandante da execução e está foragido. Conforme a delegada-geral do caso, o terceiro envolvido é irmão de Cesário e ex-policial penal. O mesmo não teve a identidade revelada, mas já está preso.
Primeira fase da investigação e histórico do caso
Na primeira fase da operação, realizada em agosto, foram cumpridos 21 mandados de busca e apreensão e quatro pessoas foram presas, sendo um policial militar da ativa, outro ex-policial penal e dois de seus familiares. Todos esses ligados diretamente à execução.
Por meio da assessoria da PCMG, o delegado do caso, Domênico Rocha, explicou que, na década de 1990, a vítima era sindicalista e começou a ganhar respeito e prestígio no meio sindical, alcançando a presidência de um sindicato. Em 2010, ela teria apoiado o atual vereador da capital, que na ocasião era presidente de um sindicato. Entretanto, essa aliança foi rompida. "A vítima criou um sindicato à parte e enfraqueceu o sindicato do qual o vereador era presidente à época, não só enfraquecimento político, mas também bases territoriais, que incluem contribuições sindicais e de receitas", explica.
“Com o tempo, a vítima ou a patrocinar ações judiciais contra o atual vereador, que se desdobraram em condenações milionárias por parte dele. A vítima ainda divulgava notícias contra o vereador e estava se articulando para disputar o cargo de uma federação do qual o vereador é presidente e iria acontecer no ano que vem”, acrescenta a PCMG.
As investigações acabaram concluindo que os suspeitos já monitoravam o alvo da execução há meses antes de efetivar o crime. Nesse sentido, vários detalhes foram pensados, como utilização de carro clonado e silenciador de arma. Armando uma emboscada, os suspeitos se aram por uma mulher para atrair a vítima até o local do homicídio. "Foi uma conversa que se iniciou com suposto interesse por um lote e, em dado momento, a conversa tomou outra tonalidade. Ela (suspeitos) ou a fazer um jogo de sedução e a vítima foi enlaçada nessa atração", detalha o delegado, acrescentando que cada um tinha uma função delimitada e articulada de maneira a alcançar o êxito no assassinato da vítima.
Assessoria do parlamentar se manifesta
Em comunicado nas redes sociais, a equipe do vereador acusou a imprensa de executar uma “condenação sumária, precipitada e covarde”. “Em nenhum momento, Ronaldo esteve foragido, se negou a responder a justiça, ou a imprensa, seguindo seus valores morais e responsabilidade perante aqueles que o acompanham. Ronaldo não deixou de cumprir suas obrigações e desde o início vem colaborando com as investigações”, pontua trecho do comunicado.
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