O Palácio da Liberdade, coração da história política de Minas Gerais, ganhou nesta segunda-feira (7) um espaço inédito e carregado de significado: a Sala de Retratos das Primeiras-Damas. A iniciativa inovadora busca romper com um silêncio histórico, homenageando a atuação decisiva de mulheres que, ao lado de seus maridos governadores, moldaram a vida pública do estado, mas que foram, por muito tempo, invisibilizadas pelos registros oficiais.
Idealizada pela primeira-dama e presidente do Serviço Social Autônomo (Servas), Christiana Renault, em parceria com o secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas de Oliveira, a sala transcende a mera galeria de fotos. Ela se configura como um poderoso manifesto visual sobre a histórica exclusão feminina na política mineira. Um levantamento do Arquivo Público Mineiro revelou uma lacuna impressionante: de mais de 60 primeiras-damas que Minas Gerais já teve, apenas 23 retratos foram encontrados.
As molduras restantes, vazias e expostas, ecoam essa ausência, transformando-se em um símbolo eloquente do apagamento histórico. Mais do que uma lacuna, elas são um convite à ação: a comunidade, os familiares das primeiras-damas e todos os cidadãos são convocados a contribuir com fotos e informações para preencher essas histórias silenciadas, enviando seus materiais para o e-mail [endereço de e-mail removido].
“Esse é um espaço que nasce para resgatar, valorizar e perpetuar a memória de mulheres que dedicaram parte de suas vidas ao bem-estar do povo mineiro e que, a partir de dona Sarah Kubitschek, assumiram também a missão de liderar o Servas”, enfatizou Christiana Renault durante a solenidade de inauguração.
A secretária-adjunta de Cultura e Turismo, Josiane de Souza, também sublinhou a relevância da iniciativa. “É muito bonito a gente ver hoje a realização desse projeto com esse intuito de valorização do ado e de preservação da memória futura de todas essas mulheres que aqui virão. Hoje, aqui, vocês representam a força feminina na política do estado de Minas Gerais”, declarou.
Pela primeira vez na história de Minas Gerais, o rosto de mulheres que participaram ativamente da política estadual ocupará um espaço oficial do governo. A Sala de Retratos das Primeiras-Damas quebra o silêncio e revela, através de imagens e da força das ausências, a contribuição fundamental da mulher na construção das bases da assistência social, da cultura, da saúde e da solidariedade em Minas Gerais.
“Não se trata apenas de pendurar quadros. Trata-se de devolver às mulheres o seu lugar na história. As molduras vazias nos confrontam com o esquecimento, e os rostos presentes nos convocam à memória. Essa sala é um marco civilizatório para Minas, que reconhece, enfim, que política também se faz com cuidado, afeto e protagonismo feminino”, pontuou o secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas de Oliveira.
Entre as mulheres já homenageadas com seus retratos, destacam-se figuras emblemáticas como Risoleta Tolentino Neves (1917-2003), renomada educadora e atuante ativista social, e Sarah Kubitschek (1908-1996), visionária criadora de projetos sociais pioneiros que serviram de inspiração para todo o Brasil. A presença dessas lideranças reforça o esforço de dar visibilidade às trajetórias femininas que foram cruciais para o desenvolvimento humano do estado.
O local escolhido para abrigar essa reparação histórica também possui um significado especial: a antiga Pinacoteca 3, que nas décadas de 1970 e 1980 organizava o acervo artístico do Estado, agora se transforma em uma galeria viva da memória feminina e política. A nova sala reflete, ainda, o crescente compromisso do Governo de Minas em ampliar o protagonismo das mulheres na gestão pública, com sua presença cada vez mais marcante em secretarias estratégicas, nas forças de segurança e em diversas outras áreas de governo.
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