A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) divulgou uma cartilha que promete transformar a maneira como professores do Ensino Médio lidam com o desenvolvimento emocional e social de seus alunos. O material foi criado com o intuito de auxiliar docentes na implementação do programa "Habilidades de Vida" (HV), amplamente promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e visa fortalecer competências que são essenciais para a saúde mental e social dos adolescentes.
O projeto surgiu da tese de doutorado de María Elena Iturriaga Goroso, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGPsi) da UFJF. María Elena, natural de Salta, na Argentina, possui uma trajetória acadêmica que começou na Universidade Nacional de Tucumán (UNT) e foi consolidada no Brasil, onde realizou mestrado e doutorado na UFJF. A cartilha foi elaborada com base em experiências práticas vivenciadas tanto em escolas brasileiras quanto argentinas.
Habilidades de Vida: uma abordagem para o futuro
O conceito de "Habilidades de Vida" vem sendo promovido pela OMS desde 1993, com o objetivo de preparar os jovens para enfrentar os desafios cotidianos com mais resiliência emocional e social. As habilidades são divididas em três áreas principais — cognitivas, emocionais e sociais — e incluem competências como autoconhecimento, empatia, comunicação eficaz, resolução de problemas e gestão do estresse. Essas capacidades são vistas como fundamentais não só para o bem-estar dos estudantes, mas também para prevenir problemas como o uso de substâncias e outros comportamentos de risco.
A colaboração dos professores na criação da cartilha
A construção da cartilha não foi um processo solitário. Professores de escolas da Argentina e do Brasil participaram ativamente, através de grupos focais e revisões colaborativas. Ao longo de sete encontros, foram aplicadas escalas para medir as habilidades de vida e o uso de álcool e drogas entre adolescentes. Esse processo participativo garantiu que o material final estivesse ajustado às necessidades reais dos docentes e estudantes.
María Elena explica que, apesar da complexidade de implementar esse tipo de abordagem nas escolas, a cartilha serve como uma ferramenta prática para os professores, ajudando-os a desenvolver estratégias de saúde emocional e social. “Muitos professores já estão, sem saber, aplicando ações que promovem a saúde. O que fizemos foi sistematizar essas ações, criando um guia para ajudá-los a enfrentar os desafios diários em sala de aula”, comenta a pesquisadora.
O papel crucial dos professores no ambiente escolar
A professora Pollyanna Santos, orientadora do projeto, ressalta que a cartilha é mais do que uma simples ferramenta: ela é fundamentada em evidências científicas. Pollyanna acredita que os professores têm um papel fundamental na criação de um ambiente saudável para o desenvolvimento das habilidades emocionais e sociais dos adolescentes. “A cartilha oferece um guia prático para que os docentes possam promover a construção de projetos de vida significativos para os jovens, ajudando a moldar seu futuro”, destaca.
Porém, um dos maiores desafios apontados pela orientadora e pela doutoranda é a continuidade das ações nas escolas. A implementação dessas práticas demanda o apoio institucional e a integração das Habilidades de Vida no currículo escolar de forma transversal, o que exige esforços adicionais por parte das instituições de ensino.
Parcerias e disponibilização gratuita
Além de María Elena, o projeto contou com a participação da mestranda Thaís Pereira e dos estudantes de Psicologia Weverton Corrêa Netto e Gabriel Martins Silva. O projeto foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), e a cartilha está disponível gratuitamente online.
Para ar a cartilha e aplicar essa metodologia em sua escola, clique aqui e confira o material completo.
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