A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) prendeu na manhã desta quinta-feira (17), um suspeito e alguns materiais durante a “Operação Segunda Pele”, que apura a prática de crimes de organização criminosa, sonegação tributária e lavagem de capitais, praticados no setor de comércio de couro derivado do abate de animais.
Segundo informações do 4º Departamento de Polícia Civil em Juiz de Fora, 16 policiais civis da unidade atuam na ação conjunta, que acontece na área das Delegacias Regionais de Polícia Civil em Leopoldina e em Muriaé, unidades policiais que compõem o Departamento. Até o momento, foram apreendidos documentos, dispositivos de armazenamento e computadores.
Segundo o delegado Thiago Luz Goulart da Costa Saraiva, estão sendo cumpridos três mandados de busca e apreensão nas cidades de Muriaé, Carangola e Além Paraíba, um em cada município, em conjunto com a Receita Estadual. “Nos locais, foram apreendidos documentos, dispositivos de armazenamento e computadores”, informou.
Ainda no município de Além Paraíba, conforme informações do delegado Marcos Vignolo, na presença de uma equipe de auditores fiscais, também foi cumprido mandado de prisão em desfavor de um suspeito de 55 anos. “Também foram apreendidos vários documentos pertinentes à investigação, que serão analisados e juntados aos autos”, concluiu.
Ao todo, estão sendo cumpridos 47 mandados em onze cidades da Zona da Mata, Vale do Aço, Triângulo, Alto Paranaíba, Centro-Oeste, Norte e Sul de Minas, sendo 34 de busca e apreensão e 13 mandados de prisão preventiva que têm como alvos empresários, contadores, coureiros (atravessadores) e os chamados “laranjas” que recebem dinheiro para usar seus documentos na abertura de empresas de fachada.
A operação é resultado de uma investigação conjunta do Ministério Público de Minas Gerais e Receita Estadual, iniciada há mais de um ano com o objetivo de combater um esquema de sonegação fiscal operado por uma organização criminosa que adquire couro de frigoríficos e abatedouros mineiros para vendê-lo para outros Estados sem o pagamento devido do imposto.
A suspeita é que os envolvidos no esquema de sonegação estejam lesando o Fisco há anos, sempre atuando na clandestinidade e criando estruturas falsas para simular aparente legalidade de suas atividades.
Levantamentos iniciais apontam que, apenas nos últimos cinco anos, a fraude já causou um prejuízo superior a R$ 62 milhões. A partir da análise dos documentos apreendidos nesta quinta-feira, a Receita Estadual não descarta a possibilidade de o rombo aos cofres públicos ultraar os R$ 100 milhões.
A operação “Segunda Pele” contou com a participação de três promotores de Justiça, 75 servidores da Receita Estadual, dois delegados, 32 policiais civis e 70 policiais militares, além do apoio operacional das regionais do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Uberlândia, Uberaba, Patos de Minas, Ipatinga, Montes Claros, Juiz de Fora e Divinópolis.
O nome da operação é uma referência ao couro decorrente do abate de animais, principal produto usado no esquema de sonegação, que, como uma segunda pele, é usado para proteger do rigor do frio.