A agropecuária segue em busca de soluções para produzir com menor impacto ambiental. Em Minas Gerais, a Empresa de Pesquisa Agropecuária (Epamig) desenvolve estudos que buscam diminuir a emissão de metano entérico na criação de bovinos e aumentar a captura de carbono no solo por meio de sistemas produtivos mais equilibrados.
Um dos focos da pesquisa é a manipulação da dieta dos animais. No Campo Experimental Getúlio Vargas, em Uberaba, Triângulo Mineiro, a equipe da Epamig testa o uso de leguminosas como o amendoim forrageiro (Arachis pintoi), que possui alta concentração de proteína e taninos. Esses compostos podem inibir a atividade de bactérias responsáveis pela produção de metano durante a digestão dos ruminantes. Os primeiros resultados apontam uma redução de até 30% nas emissões.
Para mensurar a liberação de gases, os pesquisadores utilizam o método do hexafluoreto de enxofre (SF6), com uma canga de PVC acoplada ao pescoço do animal. O equipamento permite coletar os gases exalados ao longo de 24 horas, oferecendo dados confiáveis sobre o impacto das mudanças alimentares.
Além dos ajustes na alimentação, outra frente de atuação da Epamig está voltada para os sistemas integrados de produção. Em uma área onde o capim-marandu já era cultivado há mais de duas décadas, foi implantado o modelo ILPF — Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. A combinação de milho, forrageiras e espécies como a Corymbia citriodora tem demonstrado maior eficiência no uso de recursos naturais e o potencial de transformar áreas emissoras em sequestradoras de carbono.
Os estudos contam com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e fazem parte das ações que atendem ao Plano Estadual de Ação Climática (Plac). O plano prevê reduzir em 36% as emissões de metano provenientes da pecuária até 2030, com base na média da década anterior.
Uma das estratégias para ampliar o alcance dos resultados foi a parceria com o Grupo Agronelli, empresa mineira que atua na produção de leite e adota práticas sustentáveis. A ideia é que os experimentos possam ser testados em larga escala em fazendas já em atividade, o que também ajuda outros produtores a conhecerem e aplicarem as soluções.
Segundo a equipe da Epamig, iniciativas como essa demonstram que é possível unir produtividade, inovação e cuidado ambiental. Ao levar os resultados da pesquisa diretamente ao campo, os cientistas buscam desmistificar a imagem da agropecuária como vilã das mudanças climáticas e mostrar que a transformação é viável — e necessária.
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