Puxada pela alta nos preços de alimentos, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, avançou 0,64% em setembro, acima da taxa de 0,24% registrada em agosto, divulgou nesta sexta-feira (9) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 583o
Trata-se da maior alta para um mês de setembro desde 2003 (0,78%) e da maior taxa do ano.
No acumulado em 2020, o IPCA ou a registrar alta de 1,34%, e em 12 meses, de 3,14%.

IPCA - setembro/2020 — Foto: Economia G1
"A maior variação (2,28%) e o maior impacto (0,46 p.p.) no IPCA vieram do grupo alimentação e bebidas, que acelerou em relação ao resultado de agosto (0,78%), puxado principalmente por alimentos para consumo no domicílio (2,89%), com o aumento nos preços do óleo de soja (27,54%) e do arroz (17,98%), que já acumulam no ano altas de 51,30% e 40,69%. Juntos, arroz e óleo de soja tiveram impacto maior (0,16 p.p) que as carnes (0,12 p.p), cuja a variação foi de 4,53%", destacou o IBGE.
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Perspectivas e meta de inflação 4q4k6r
Apesar da disparada nos alimentos nos últimos meses, a expectativa de inflação para este ano segue bem abaixo da meta central do governo, de 4%, e também do piso do sistema de metas, que é de 2,5% em 2020.
Os analistas das instituições financeiras projetam uma inflação de 2,12% em 2020, conforme a última pesquisa Focus do Banco Central.
A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), atualmente em 2% – mínima histórica. O mercado segue prevendo manutenção da taxa básica de juros neste patamar até o fim deste ano, subindo para 2,5% no final de 2021.

Metas para a inflação estabelecidas pelo Banco Central — Foto: Aparecido Gonçalves/Arte G1
Pela regra vigente, o IPCA pode oscilar de 2,5% a 5,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. Quando a meta não é cumprida, o BC tem de escrever uma carta pública explicando as razões.
Embora a inflação oficial permaneça sob controle no país, a alta do custo de vida tem pesado mais no bolso dos mais pobres. O índice da FGV que mede a variação de preços de produtos e serviços para famílias com renda entre um e 2,5 salários mínimos, por exemplo, acumula alta de 4,54%, permanecendo em nível superior ao da inflação sentida pela população de maior renda.