No Palácio da Liberdade, em evento realizado nesta terça-feira (26), o Governo de Minas Gerais lançou o Projeto de Preservação do Sistema de Conhecimentos Ancestrais do Povo Tikmũ’ũn-Maxakali. Essa iniciativa única no país, contemplada no edital lançado pela Embaixada e Consulados dos Estados Unidos no Brasil, será financiada com cerca de R$ 1 milhão pelo Fundo dos Embaixadores para a Preservação Cultural no Brasil. O projeto é conduzido pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) e pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), fazendo parte do Programa de Salvaguarda das Culturas Indígenas em Minas Gerais, anunciado em abril deste ano durante a Ocupação Artística Abril Indígena.
A solenidade contou com a presença de representantes da comunidade Maxakali, do Governo de Minas, da Universidade Federal de Minas Gerais, dos Consulados dos Estados Unidos e da Promotoria de Justiça de Minas Gerais.
No âmbito do edital, que recebeu inscrições de todo o mundo e tem como foco a preservação do patrimônio cultural, apenas cinco propostas são da América Latina, incluindo a enviada pelo Iepha-MG. Os recursos destinados ao projeto garantirão a preservação da língua nativa dos Maxakalis, do artesanato, das músicas, das cerimônias e das técnicas tradicionais de agricultura, pesca e caça. A primeira etapa consistirá no desenvolvimento de estudos e ações de proteção das tradições da comunidade, através da identificação e documentação dos sistemas de conhecimentos ancestrais, um processo que será realizado colaborativamente.
O resultado desse esforço será a criação de um Inventário do território de canto “Yãmixop”, acompanhado por uma produção audiovisual, além da realização de seminários, fóruns e exibições de filmes. Um plano de salvaguarda também será desenvolvido.
Sueli Maxakali, representante da comunidade indígena, celebrou a iniciativa, destacando a importância de preservar a memória para as futuras gerações. Ela disse: “Estou muito feliz de estar aqui representando meu povo Maxakali. Era o meu sonho de preservar a nossa memória, para que ela permaneça viva para nossas crianças. Registrar o que era dos nossos anteados e agradecer a todos os nossos mais velhos que deixaram essa memória para o meu povo”
A presidente do Iepha-MG, Marília Palhares, enfatizou que o projeto será desenvolvido em colaboração com os indígenas e destacou a importância da participação da comunidade no processo. “O Projeto de Preservação do Sistema de Conhecimentos Ancestrais do Povo Tikmũ’ũn-Maxakali dá continuidade às ações iniciadas a 20 anos, adotando agora o processo participativo. Os integrantes da comunidade serão protagonistas desse processo. Muitos deles são professores, artistas, pesquisadores, cineastas que contribuirão de forma significativa para o êxito desse projeto”, afirmou Palhares.
Os Maxakalis, também conhecidos como Tikmũ’ũn, são o único povo indígena em Minas Gerais que mantém a sua língua materna. Eles vivem no Vale do Mucuri, em quatro principais áreas: nas aldeias de Água Boa, no município de Santa Helena de Minas; em Pradinho e Cachoeira, no município de Bertópolis; em Aldeia Verde, no município de Ladainha; e no distrito de Topázio, em Teófilo Otoni.
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