O cenário das vilas e favelas de Minas Gerais está ganhando um novo fôlego com a chegada do programa Comunidade Empreendedora, uma iniciativa da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese) em parceria com o Sebrae-MG. A ação leva qualificação profissional gratuita para moradores de 20 comunidades em seis cidades do estado, promovendo não apenas a capacitação técnica, mas também o fortalecimento da autonomia e da renda familiar.

Na capital mineira, por exemplo, o curso de tranças ofertado no Aglomerado da Serra já começa a render frutos. Jairo Gonçalves, morador da comunidade e dono de um salão, aproveitou a oportunidade para aperfeiçoar suas habilidades. “Quando eu vi o curso, não pensei duas vezes. Era um sonho. Abracei essa chance”, contou. Assim como ele, outras pessoas vêm encontrando no programa um caminho para transformar habilidades em sustento.

A proposta é ousada: até 2026, o Comunidade Empreendedora oferecerá 57 cursos com durações de 60, 80 ou 100 horas. As capacitações são pensadas para atender as demandas específicas de cada local, mapeadas previamente pelo Sebrae-MG. Durante essa etapa, a meta é alcançar cerca de 15 mil pessoas, identificando perfis empreendedores, formais e informais, e suas necessidades de aprendizado.

Para viabilizar a iniciativa, o Governo de Minas investiu R$ 1,45 milhão. A previsão é ofertar, ao todo, 1.140 vagas em cursos que abrangem áreas como serviços, beleza e alimentação. A secretária da Sedese, Alê Portela, explica que o foco está na geração de renda e inclusão produtiva. “Queremos construir um futuro mais promissor para os moradores das favelas, que são territórios com enorme potencial de desenvolvimento”, afirmou.

A execução dos cursos em campo é realizada por empresas especializadas, como a Foco Soluções, com apoio de projetos como o Itamar. Elimara Ribeiro, representante da empresa, destaca o impacto positivo que acompanha a formação das turmas. “É transformador. As alunas chegam com medo, mas saem confiantes, prontas para buscar ainda mais”, afirmou.

Neila Regiane é um desses exemplos. Moradora do Aglomerado da Serra, ela já concluiu o curso de Unhas em Gel e está agora investindo no de tranças. “Já tenho cinco clientes. Empreender virou uma necessidade. Os cursos me ajudaram a enxergar um caminho real para sustentar minha casa”, compartilhou.

O governador Romeu Zema também destacou a importância estratégica da iniciativa para o desenvolvimento do estado. “Acreditamos que o empreendedorismo é um motor de desenvolvimento social e econômico. O programa leva oportunidades concretas para quem mais precisa”, afirmou.

Além de Belo Horizonte, o Comunidade Empreendedora já está presente em Betim, Ribeirão das Neves, Divinópolis, Montes Claros e Uberlândia, atingindo regiões metropolitanas e interioranas. Em todas elas, a proposta é a mesma: oferecer condições para que moradores de comunidades transformem suas vidas por meio do conhecimento e da prática empreendedora.

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